sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O sem-teto


Madrugada fria, gelada , sombria, uma fina garoa persistente caía,
anunciando uma piora eminente, na queda da temperatura.
Tudo molhando, ensopando deixando alguns na desventura,
atordoados, descontentes, que a roupa do corpo não possuía.

Procuravam cada qual, um bom e sêco lugar para se aquecer
disputavam esses lugares, muitas vezes com unhas e dentes.
Semblantes visivelmente abatidos, tristes, tampouco contentes
com essa luta insólita, diáriamente, para de frio não morrer!

Mas uma, dessas bizarras personagens, conseguia sobressair.
Vestia-se com roupas, que outrora fora de alto padrão.
Separado dos demais, procurava um bom canto para dormir.

Forrava o chão, com papelão e número atrasado do Estadão,
uma boa dose de vodka Smirnoff, para o frio não sentir;
e como travesseiro usava o bom livro, Cem anos de Solidão!

terça-feira, 22 de novembro de 2011

O Boato

Do querer fazer e o propriamente dito
fato acontecer,
Cria-se uma enorme balbúrdia
que repudia
E o fato se faz morrer...

Em palavras bonitas a repúdia se inicia,
Sem saber de quem
Ou de onde vem, do púlpito talvez,
das zuadentas cantinas,
Com total rapidez!

O alcance dessa infâmia é incalculável!
Pode ser pequena, amena
ou até irreparável,
assim se confirma o fato.
Sem saber se o dito é dito, ou se o dito é um boato!

O estrago está feito,e a contenda também,
uns concordam com o fato
Os do contra não e alguns dizem amém.
E que diz a personagem em questão?
Fala, desconversa, e diz que ninguem tem razão!

Assim, quanto ao objeto que deu início ao fato,
Ou boato, o erário
Ninguem sabe, também ninguem viu,
Não concordam, não discordam, muito pelo contrário,
Dizem candidamente que o erário sumiu!

Frágil encanto

Carrego, como um fardo,
um indestrutível coração;
o horizonte tranquilo, de
uma paixão desvairada,
uma carne fraca, um
sonho forte
e numa das mãos, a solidão.

Dilacero os olhos no escuro,
o olhar aceso num
instante febril,
a calma descerrada,
num palmo de tempo
compridamente reduzido.

Perto, mais perto...
enxerga-me como um
ponto sem encontro,
um elo a mais,
um vento...
Tenha-me quieta,
ou antes, intensa
e não minta.

Pergunto-te: que vês?
Como não bastassem
as lágrimas de um outono
eterno,
carrego um fardo
como quem voa...

Texto de : Thereza Chritina Rocque da Motta

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Padaria Espiritual - II


Descobri muitas coisas interessantes, a partir de uma simples inscrição na contra capa de um livro.

Talvez, algum tempo atrás, demoraria muito para isso acontecer, descobrir qual o significado da pesquisa sobre o que foi ou o que era, ou o que é a Padaria Espiritual.

Para minha surpresa, e creio que para muitos também, saber que a Padaria Espiritual é uma agremiação literária surgida em Fortaleza no final do século XIX que reúne escritores, pintores e músicos.

Fundada por Antonio Sales (1868 - 1940) em 30 de maio de 1892, conta com a participação de 20 "padeiros", membros fixos do grupo que se reúne no "forno", nome dado a sua sede, sob a direção de um "padeiro-mor". Na própria denominação, que associa a imagem da padaria às letras numa época marcada pelo academicismo da literatura, é possível notar o traço transgressor que dá forma às manifestações públicas e privadas realizadas pelo grupo.

Integram a Padaria o primeiro "padeiro-mor", Jovino Guedes (1859 - 1905), Tibúrcio de Freitas (s.d. - 1918), Ulisses Bezerra (1865 - 1920), Carlos Vítor, José de Moura Cavalcante (1965 - 1928), Raimundo Teófilo de Moura, Álvaro Martins (1868 - 1906), Lopes Filho (1868 - 1900), Temístocles Machado (1874 - 1921), Sabino Batista (1868 - 1899), José Maria Brígido (1870 - s.d.), Henrique Jorge (1872 - 1928), Lívio Barreto (1870 - 1895), Luís Sá (1845 - 1898), Joaquim Vitoriano (s.d. - 1894), Gastão de Castro, Adolfo Caminha (1867 - 1897), José dos Santos e João Paiva, além do próprio Antonio Sales, o "primeiro forneiro". Cada um dos membros assina os textos, publicados no periódico do grupo O Pão, com um pseudônimo.

Chama a atenção, na produção da Padaria, a heterogeneidade dos textos dos membros, marcados, na poesia, tanto pelo Simbolismo quanto pelo Parnasianismo, ambos de inspiração portuguesa, diferentemente da influência francesa dessas escolas ao sul do país. Na prosa convivem um Romantismo tardio, o Realismo e o Naturalismo, por vezes orientados para o Regionalismo.

A Padaria Espiritual, movimento pioneiro no Ceará — terra de José de Alencar — e precursor das academias de letras em terras brasileiras. Movimento modernista, ainda hoje atual, com 40 anos de antecedência à Semana de Arte de 1922 tinha até um estatuto composto de 48 artigos, “amassado e assado na "Padaria Espiritual", aos 30 de Maio de 1892.” como diziam eles.

Tanto as atividades do grupo quanto O Pão tomam uma feição ligeiramente mais séria, mas ainda calcada no espírito de pilhéria, a partir da reorientação e da publicação do Retrospecto. O grupo e alguns de seus membros tem sua produção reconhecida em outras capitais, provocando admiração e repúdio, este, naturalmente, por sua posição anárquica, que, se não chega a ser abandonada, é suavizada. Nessa atmosfera fervilhante e paralelamente ao movimento da Padaria Espiritual, acontece a fundação da Academia Cearense de Letras, em 15 de agosto de 1896, quando, mais uma vez, os intelectuais locais valorizam-se com seu movimento de vanguarda, já que esta foi a primeira academia de letras do país, surgindo mesmo antes da própria Academia Brasileira de Letras.

O Pão volta a ser publicado em janeiro de 1895 e chega ao fim no número 36, em 31 de outubro de 1896. O grupo, por sua vez, se encerra em dezembro de 1898.

Em 1992, em comemoração ao centenário da Padaria Espiritual, outro grupo de escritores, artistas plásticos, músicos e amantes da arte em geral pôs a mão na massa e O Pão tornou a circular, como o seu ilustre antepassado, distribuindo os biscoitos finos da imaginação.

Tudo isso passaria despercebido por mim e por muitos, que desconhecia esse movimento literário tão importante para todos nós brasileiros, se não fosse a simples curiosidade de pesquisar uma escrita à lápis na contra capa de um livro raro!

Source:- cearacultural.com.br

domingo, 13 de novembro de 2011

The Piano


1) The Piano, I can hear it. It's telling me something. A story. As it plays softer, it tells me about an unaccomplished victory; about a
2) true and undying love was lost; a friend who left and never returned. It plays slowly. It questions me about the lost of sympathy that
3) this world has. I listen. I feel and wonder. As the piano continues, it plays a little faster and tells me about the nature and
4) sensitivity of the birds in the trees when they hop on by; about the mood on each rain drop that falls; about the wind that blows
5) a womans hair as she dances gracefully to a forgotten melody. I listen. The piano plays louder and begins with the sounds of triumph.
6) it tells me about each success the morning has to create a new day; about the pearl in the night sky manages to shine above those
7) diamonds and how those treasures illuminate the sky after a beautiful day. The piano gets stronger and now only tells me about passion.
8) such as the passion that is felt when a dancer becomes a slave to the body when music plays; how a strong love two people can still have
9) even after death has split them apart; it is felt when the mind and heart become one. I listen... I feel it... I play. The piano begins, it's goodbye along with a final thought. "don't be afraid to feel" is it's closing and the big finale is the most captivating yet
10) with the perfect pitch and feeling, the music ends, almost instantly... But I don't realize it until many moments later. (The End)

Source: original by aBeatlesfan1 Andrea of Twitter